80 anos de Chico, com todo afeto!
Essa semana Chico Buarque fez 80 anos! Não lembro quando foi a primeira vez que ouvi uma canção dele. Provavelmente foi em alguma trilha sonora de novela.Todo sentimento, surge com a primeira música dele que me marcou. A versão é com Verônica Sabino e tema de Vale Tudo. Confesso que nessa época infanto-juvenil a MPB não tinha grande espaço na minha vida, apesar de gostar de muita coisa do estilo. A influência pelo rock internacional virou minha cabeça e deixou sequelas até hoje. No entanto, acabei voltando para as minhas raízes, um pouco tarde, assumo, mas, melhor do que nunca.
Aos vinte e poucos anos, já na faculdade e agora influenciada por aquela atmosfera do conhecimento, comecei a pensar que o momento pedia um pouco mais de voz e violão do que riffs de guitarra. Brincadeira! Não foi tão premeditado assim, mas algo me inclinou aos grandes da nossa música e meu reencontro com Chico foi inevitável. Amigos cantavam MPB, bandas locais eram autorais e resgatavam o som dos anos 70, fazia mais sentido Novos Baianos do que Led Zeppelin.
Foi nessa época que conheci semiótica e descobri um outro mundo. A paixão começou mesmo depois que minha professora levou para a aula Com açúcar, Com afeto para analisarmos sob os prisma da matéria. Era tudo que eu sempre quis e não sabia.
Entrei numa de estudar semiótica a partir das letras de Chico e daí nasceu a minha vontade de ser uma publicitária pesquisadora e não uma soldado das agências. Dessa idéia, a única coisa que vingou foi que eu me formei sem nunca ter trabalhado como publicitária. Nunca nem estagiei. Peguei um ranço que outro dia conto para você. As pesquisas? Seguem até hoje, ainda com vontade de torná-las um projeto acadêmico.
Foram tempos de profunda obsessão. CDs e mais CDs comprados, videos e mais videos assistidos no recém-lançado Youtube, leituras e mais leituras sobre suas canções e a relação com a censura da ditadura. Taí…essa personalidade combativa dele à repressão também foi um elo muito forte que nos uniu. Até hoje me interesso pela causa. Hoje mesmo, vi um livro que trata dessa fase: O que não tem censura, nem nunca terá, de Márcio Pinheiro.
Falando em livros, além da música, Chico também é escrita. Foi o seu premiado e primogênito livro Estorvo (1991), o primeiro dele que li e o primeiro que peguei na Universidade. É verdade, mis amigos! Ao invés de pegar livros de Planejamento Estratégico, Mídia ou Marketing, peguei um romance que nada tinha a ver com o meu curso, mas era de Chico Buarque então…Depois da leitura, vi o filme e anos depois, voltei a lê-lo em paralelo com seu último livro Anos de Chumbo, lançado em 2021, quando o momento político do país estava flertando com o desmanche da nossa democracia. Quero ler os demais livros do compositor e ouvir as mais recentes canções do escritor. Estou super em falta, mas acompanho alguma coisa - O samba, que tal um samba? Adoro!!!!!
Para encerrar, adoroa saber que existem duas músicas de Chico com os meus nomes. É a glória!!!! A retada da Rita que levou o disco de Noel e Maria que dança a sua valsa mais triste num agudo acorde de piano. Mas de tudo isso e todas as demais, é Sem Compromisso a que faz transbordar os melhores sentimentos que existem em mim. Graça, alegria, esperança e saudade, muita saudade são apenas alguns deles. Vou no miudinho, sambando uma garfieira à la recôncavo baiano (podemos tudo!), sempre lembrando da vez que ouvi essa canção no centro do Rio de Janeiro, em uma roda de samba na laje, com minha querida tia Natércia, outra grande admiradora do nosso aniversariante. Essa música só me lembra de nós duas cantando, dançando, celebrando a vida!!! Que saudade!!!!