Arte é resistência!
Se você ouve sobre política em show e não gosta, talvez esteja frequentando o show errado.
Eu queria entender só uma coisa: como um fã de Roger Waters pode reclamar das manifestações políticas que ele faz em seus shows se essa mesma manifestação está em suas música? Totalmente incoerente, não acha?
Como que alguém (sortudo) que vai para o show do Rage Against The Machine pode não querer ouvir falar de política na apresentação se a própria banda carrega no nome a aversão ao sistema capitalista opressor, injusto e violento que vivemos?
Lembro perfeitamente do povo aqui em SP reclamando do show de Waters no Allianz Parque, em 2018, às vesperas das eleições para presidência. “Vim aqui para ouvir música e não protesto” foram algumas das reclamações absurdas para aquela ocasião. Teve matéria no jornal e tudo sobre essa insatisfação!!!
Eu estava na plateia da primeira noite de apresentações e vi quantos fãs do Pink Floyd e do baixista estavam lá também. Todos usavam uma camisa da banda ou do músico conhecido pela sua militância (adivihem!) política. Tinha uma galera mais jovem também, mas que deveria saber que o perfil do artista continuava o mesmo: criticar e denunciar as mazelas do mesmo sistema que a banda de Zack de La Rocha renega.
Quem eram essas pessoas que ainda se surpreendiam com palavras de ordem contra governos fascistas, que em prol do lucro absoluto e do poder, deixam populações inteiras morrerem de fome e de doenças, principalmente, nas regiões mais pobres, como no continente africano? Será que cantam as músicas apenas reproduzindo o som das palavras, obviamente, sem entender seus significados? E os porcos infláveis voadores soltos no meio da plateia e filmados pelos smartphones? Será que essas mesmas pessoas revoltadas com as manifestações políticas naquele palco não sabem que esses elementos cênicos são representações dos políticos nojentos que nos governam com corrupção?
É muita estupidez querer dissociar da arte a política. Ser artista já é um ato político. Olha aí o exemplo da Patty Smith que continua compondo, escrevendo poesias e livros sem deixar de lado a política, pois ser político não é defender um partido ou ir para as ruas protestar. Para mim ser político é ter atitudes em prol do bem de um grupo, comunidade, sociedade, país…
People have the power!!!!
Recentemente, a modelo e apresentadora Ellen Jabour criticou o Rage Against the Machine por manterem o discurso no seu show de retorno, no início do mês, EUA. Depois de não sei quantos anos separados, o grupo volta, justamente, nesse momento que o mundo está um caos. Para mim isso é mais um retorno político do que artístico. O grupo que ficou conhecido por trazer em suas letras denúncias e críticas conta a corrupção, violência, racismo, enfim, esse sistema capitalista que nos explora ao mesmo tempo que nos faz achar que estamos nos tornando pessoas melhores e mais bem sucedidas.
Acredito que eles não tenham voltando só pela grana ( o que seria justo pois vivem disso), mas também para sacudir as mentes de algumas pessoas que parecem estar sob influência do Vecna (Stranger Things) - de olhos abertos, mas em outra dimensão -, quando o ideal é estarmos atentos e fortes, no aqui e agora, para combater todo o mal real que vem desses políticos neo-fascistas.
No meu caso, quando mais Roger Waters e Rage Against the Machine no meu dia, mais forte e atenta eu me sinto. Quando quero me alienar entro no Tik Tok, vejo dancinhas, pets, blogueiras doidas e pessoas reclamando das plásticas que fazem no pós-operatório...é um circo de horrores – tirando a parte dos pets, é claro!!!