Essa news começa bem louca. Com um devaneio bem em um ponto de ônibus no centro de São Paulo. Início da noite de uma sexta-feira, eu voltando para casa depois de um dia de trabalho (ainda no esquema híbrido).
Enquanto esperava o ônibus, me veio um pensamento nada a ver para aquele momento: será que o Guns teria música nova, BOA, se Axl Rose voltasse com sua ex- mulher Erin Everlyn ?
Se você não sabe foi para ela que ele fez Sweet Child O’ Mine e foi devido a separação deles que November Rain também foi escrita. Mas, era uma relação tóxica, violenta - e nada merece como fonte de inspiração o sofrimento (foi só um devaneio, como eu disse).
Na mesma hora eu pensei: cara, que louca…nada a ver…só mesmo eu, a uma hora dessa e aqui, pensando nessas maluquices…
Mas ao mesmo tempo que essa autocrítica surgiu, eu me fiz outra pergunta enquanto o ônibus ainda não chegava: que diabos o Guns se tornou? Assim, né? O GN’R e tantas outras bandas.
Já avistando o meu coletivo de aproximando, suspendi minhas autocríticas e reflexões furadas para subir no ônibus, passar na catraca e sentar - graças a Nossa Senhora do Busão Cheio, dessa vez ele estava vazio em plena a hora do rush. Excelente condição para continuar meus pensamentos sobre o Guns e a caricatura que o grupo virou se si próprio.
Sei que esses pensamentos apareceram influenciados pela declaração de Robert Plant, ex-vocalista do Led Zeppelin, que na mesma semana disse que permanecer em atividade por muitos anos pode resultar em uma tristeza caduca, em plena zona de conforto.
Quero deixar uma coisa bem clara!!! Não devemos pensar nesse assunto levantado por Plant sob o prisma da idade. Isso seria etarismo ou preconceito com pessoas mais velhas do que nós, chegando ou já estando na terceira idade. Para mim o ponto alto da discussão é a falta de produção, da formiga da criatividade que fica picando até sair algo novo, que comova o artista e seu público. Pensando assim, eu já havia me questionado o que motivava bandas como Aerosmith, Whitesnake, Europe e tantas outras continuarem juntas, fazendo shows similares por anos, sem nenhuma produção fonográfica relevante. Tudo bem que Axl Rose e Cia - com a formação com Slash e Duff , ficaram separados por mais de 20 anos, retornando em 2016 para aquela turnê que seria a mais bem sucedida do últimos tempos. Mas, e depois disso? O que sustenta essa empreitada musical?
Será só money?
Claro que é ótimo ir para um show cheio de sucessos, mas ouvir produções novas também faz parte do game. No caso do Guns, boatos de que estariam gravando aquele que seria o sétimo álbum de estúdio ficaram no ar, pois nada se concretizou - e isso já faz parte do folclore do grupo, né amores?
Eu mesma sou prova viva disso que estou escrevendo. Eu fui para três shows dos caras (dois em 2016 e 1 em 2017) e vi o quanto tudo está enrijecido, o setlist imutável, movimentos ensaiados - até os saltos de Slash aconteciam na mesma parte da música.
E não me crucifiquem porque eu sou uma das maiores fãs da banda e escrevo tudo isso com muita tristeza porque acompanhei os caras nos tempos áureos e era outra história.
Prendam suas filhas em casa porque o Guns n’ Roses está chegando. Putz!!! Isso ficou no passado, bem no passado onde eles parecem querer ficar.
Ir para show dessas bandas “old school” virou uma saga sem surpresa. Se for para um, não precisa ir para outro nos próximos dois, três anos porque nada muda. A ordem das músicas é a mesma. Não há novas produções musicais - nem esses ‘feats’ que ajudam a ressuscitar muita gente por aí, como o Acústico MTV Brasil fez com muito artista por aqui. Os movimentos em palco são iguais…enfim…economizem a grana de vocês! Se passar no Multishow, tá valendo.
Para encerrar, sábado passado (12/09), eu assisti uma live de um show do Guns nos EUA, transmitida pela Berta, assistente pessoal de Axl. Cinco anos depois do meu primeiro show com a tríade sagrada do hard rock (Axlzito, Slash e Duff), a apresentação continuava a mesma. Algumas mudanças bem sutis nas projeções no palco, mas em suma, tudo igual como dantes no quartel de Abrantes.
Aliás, uma loucura ver o show daquele ângulo, sem pagar nada como ingresso. Obrigada, Berta!!!
Ao contrário disso tudo, temos uma banda de vovôs que se mantêm firme, forte e produtiva. Nos palcos e nos estúdios: os Rolling Stones…É incrível vê-los ao vivo - a energia, os clássicos misturados com as canções novas. As pausas para cuidar da saúde e se despedir dos amigos que partem para outro plano, fazem parte do planejamento artístico que não para desde a década de 1960. O último disco de estúdio deles é de 2016 (tudo bem, lá se vão 5 anos, mas os caras estão produzindo juntos, criando, vivendo do presente).
Mitos, verdades, brigas, retornos…não importa…o que é revelado sobre os Stones é que o rock n´roll que um dia os uniu ainda os mantém vivo e em constante mutação, o que não vemos na maioria das bandas “das antiga”.
Eles, apesar de serem os mais velhos do rock em atividade, estão longe de serem caducos.