O ano era 2000. Eu estava quase terminando o 2º grau em Salvador enquanto Madonna se preparava para lançar mundialmente o álbum Music. Realidades completamente diferentes: eu, uma estudante; ela, uma diva.
Durante algumas semanas, deixei de lado a rotina comum de estudos de uma pré-vestibulanda para ensaiar coreografias e músicas da Rainha do Pop. Tarefa um pouco mais fácil para mim, já que eu tinha grande familiaridade com aquele universo, o que me ajudou a pegar o papel em definitivo.
Era a minha chance. Eu transformei na minha cabeça aquela oportunidade escolar em um grande momento artístico para mim. Eu amava cantar, dançar e fazer isso como Madonna não me assustava. Eu estava amando tudo aquilo.
Dei até uma de diretora. Para a apresentação ficar mais impactante como as dela, inventei de começar com Like a Prayer no palco do teatro, no meio da música saia pelos fundos (que dava na biblioteca do colégio) e voltava passando pela plateia com outro figurino, dessa vez cantando La Isla Bonita e encerrando comigo jogando uma rosa na primeira fila.
Tive direito a tudo: peruca loira, casaco de pluma, pintinha no rosto e o melhor: aplausos de pé. Epifania!
Consegui ser a Madonna, pelo ao menos daquele dia, daquele lugar e para aquelas pessoas. Depois disso, nunca mais voltaram a me chamar de Maria Rita pelos corredores do Mendel. Eu era agora Madonna!
Infelizmente, eu não tenho nenhum registro. Os celulares não eram smartphones e a única gravação foi feita por uma colega que no final daquele mesmo ano foi morar no Chile e nunca mais nos falamos.
Bom show!!!