O que é ser feliz? Freud explica.
Mais uma vez me aventuro pelos escritos de Sigmund Freud e me encontro perdida em suas páginas.
Talvez você curta saber que o livro O mal-estar na civilização (também conhecido como O mal-estar na cultura) vem ocupando minha mente nos últimos dias e as reflexões sobre assuntos intrínsecos da humanidade, como religião e felicidade, seguem comigo. Pensei que fosse interessante compartilhar com vocês as experiências iniciais que estou tendo com a leitura desse clássico freudiano, publicação no início do século XX, quando poucas pessoas criticavam as diferentes formas de coação que a cultura/civilização fazia com o indivíduo.
Ainda estou no início da leitura. São linhas muito desafiadoras porque Freud provoca, constantemente, que pensemos a psique humana a partir da quebra de alguns paradigmas sociais que, segundo ele, acabam anulando ou adormecendo os nossos instintos (impulsos). Dogmas, regras sociais e outras estruturas imateriais coercitivas pasteurizam comportamentos que deveriam ser os mais diversos possíveis conforme a natureza ímpar do ser humano. Desejos são calados e caminhos são repetidos para que nada coloque o indivíduo sob o olhar cruel e hipócrita da crítica e reprovação da sociedade.
Quando Freud se manifesta na publicação sobre a relação do indivíduo com a religião, ele apresenta a segunda como uma ilusão, responsável pela criação de uma neurose coletiva. Tais pensamentos apresentados pelo médico à época, causaram um caos intelectual na Europa, o que lhe rendeu grandes inimigos - em sua maioria de pensamentos conservadores (não no sentido política, e sim na resistência de pensar o novo). No filme A última sessão de Freud, lançado em 2023, sob direção de Mattew Brown, temos uma breve noção sobre esse momento através dos diálogos fictícios entre Freud e o professor de Harvard, escritor, ex-ateu e defensor da fé baseada na razão, C. S. Lewis. A produção que é origina a partir de um romance e que já foi encenada no teatros, revela como cada um pensava sobre o sentido da vida e, claro, religião, trazendo questionamentos cirúrgicos sobre a crença em Deus e o ateísmo.
De volta ao livro O mal-estar na civilização, Freud afirma que a felicidade é algo efêmero e, consequentemente, impossível de conservá-la em nossas vidas porque sempre temos motivos diferentes para sentirmos aquele sopro de sentimento que denominados felicidade. Essa busca constante por essa breve sensação e as desilusões causadas pela busca da própria, acaba sendo uma grande razão para toda a angústia e sofrimento da mente, inquieta por nunca se satisfaz com a conquista da vez.
“ Aquilo a que chamamos ‘felicidade’, no sentido mais estrito, vem da satisfação repentina de necessidades altamente represadas, e por sua natureza é possível apenas como fenômeno episódico”
Apesar de não ser psicóloga ou psicanalista, gosto de estudar essas grandes mentes que ajudaram a evoluir a nossa raça, por mais que pareça o contrártio. Ler Freud, ao contrário do que muitos podem pensar, não é difícil nem coisa para poucos. De fato, é uma leitura mais densa, que necessita ser contextualizada com os dias atuais, no entanto, com um pouco de paciência e mantendo a curiosidade viva sobre a próxima página, tudo fica mais fácil.
Eu vou seguindo por aqui, continuando a leitura de O mal-estar na civilização e quando o tiver finalizado, volto para compartilhar as impressões finais. Mas, por ora, para quem é mais do audiovisual do que da leitura, existem vários conteúdos sobre Freud e suas pesquisas que podem acabar lhes aproximando de seus escritos. Um deles é a série homônima ao pai da psicanálise, exibida na Netflix. A narrativa é dividida em capítulos que focam em determinados temas da mente humana, trazendo os pensamentos e pesquisas de Freud como pano de fundo de uma trama de suspense passada na Áustria do início do século passado.