Para dias ruins, Jadsa!
Durante a leitura sugiro ouvir Já Ri ou qualquer outra faixa do disco Olho de Vidro, da Jadsa.
Pela primeira vez nessa newsletter estou sem ideia para escrever. Paradoxalmente, não significa falta de assunto. O engraçado é que estou cheia de coisas para escrever, mas não tá rolando nada, a não ser esse desabafo escrito sobre a minha falta de escrita.
Pirei!
Não é depressão, tédio ou enjoo dessa newsletter…apesar de não saber o que é, sei que não é nada disso. Tá confuso? Claro que está porque ultimamente eu tenho sido um poço de confusão…Uma confusão organizada, dentro da minha rotina diária de trabalho, cuidados com Estrela (minha pet linda), exercícios físicos, final do meu eterno curso de inglês...
Mas tenho sentido falta de mais estimulo para consumir cultura como antes…Tenho percebido que até a minha leitura tem ficado de lado. Toda noite lia um ou dois capítulos do livro do momento, mas agora nem o que eu lia no ônibus indo ao trabalho está rolando. Melhor dizendo: essa semana eu forcei a barra e li algumas páginas de Nowhere Boy – Before the Beatles...The story of John Lennon. Mas, mesmo assim, fica longe daquele prazer antigo de me desconectar daquele ambiente saculejador, cheio de gente em plena a pandemia...
Tenho me sentido mal de ter o luxo do tempo e tranquilidade de me dedicar a prazeres simples como leitura e assistir a uma série enquanto sei que milhares de pessoas estão morrendo de fome e ainda de Covid-19. Já me prometi não pensar muito no que pode estar causando esse afastamento não só dos livros, como também da escrita para não transformar, às vezes um simples “cansei”, em coisa maior...a gente gosta de fazer isso - tipo deixa eu ver no Google. Aí lenhou!!!!
Estou me sentindo dentro da música Já Ri, da Jadsa…Todos os dias tomo uma borrada dos jornais. A realidade, cada vez mais, está me questionando sobre o meu papel nesse mundo. Como tenho contribuído com os dias melhores?
“Tô meio azeda, meio down”.
A única coisa que ainda me faz rir, que não caiu nesse desânimo que vos escrevo é hábito de ouvir música. A minha mais nova aquisição digital, é o imprevisível Olho de Vidro, novamente, da artista baiana Jadsa.
É som muito especial! Conseguiu me tirar da inércia musical que estava. Tem horas que é cansativo as mesmice e esse disco foge feito um raio do comum, desde os arranjos às letras…eu não consigo nem explicá-lo…
É algo jazzístico misturado com música afro-baiana…vejo Rumpilezz, Itamar Assumpção…Gal, Ava Rocha citadas literalmente …enfim, um dos discos mais bacanas que ouvi nos últimos tempos.
Mas ouvi super atrasada. Olho de Vidro foi lançado em março deste ano, mas só agora cheguei até ele. Culpa da bolha musical na qual fico presa. Eis aqui uma promessa para 2022: me abrir mais para sons que fogem da minha zona de conforto sonoro. Fico só nessa de rock gringo, acabo perdendo as riquezas do meu país, neste caso, em especial da minha terra, Salvador!!!
Ê Salvador danada!!!
Dezembro é um mês que eu não gosto. Ele deve estar me influenciado negativamente agora...sinto cheiro de lírios pelas ruas (não é uma metáfora para morte…sinto o cheiro de verdade), penso nas pessoas que já foram, detesto ver as pessoas acreditando que daqui poucos dias vamos recomeçar tudo de novo. Esse calendário gregoriano é um saco e mentiroso, porque nada muda de 31/12 para 01/01, mas todos geram uma expectativa gigantesca de “novos tempos” que nos corrói quando percebemos que continuamos com os mesmos hábitos, defeitos, qualidades e problemas, principalmente, aqueles que não dependem de nós para serem solucionados!!!
Chega logo 2023 para o passado voltar ao presente!!!!!!! L