Recomeços e despedidas
Esta newsletter será sobre recomeço e despedida. Foi uma semana cheia de emoções boas e ruins, sinuosidades que mostram a verdadeira face da vida. A minha semana já começou comigo na terapia. Que segunda-feira horrível!!! Ansiedade no talo e uma vontade de arrancar vários sentimentos inúteis de dentro de mim, mas sem saber como. Comecei a sessão de uma forma e terminei bem melhor!!!
Não desmerecendo os poderes que a análise tem sobre mim, mas o que me fez expurgar tudo que precisa para me sentir "don´t worry about the thing" foi assistir a homenagem que Ozzy Osbourne recebeu ao ser introduzido no Rock and Roll Hall of Fame, no último dia 19. Vê-lo naquele trono preto, com um discreto vigor, mas ali, firme e forte, feito uma turmalina negra, mexeu comigo, miticamente falando.
Quem conhece a história do Príncipe das Trevas sabe o quanto ele é resiliente em viver. Por escolhas que fez (sem julgamentos aqui) muitas vezes quase partiu desse plano para a imortalidade e no auge dos seus 75 anos, um dos pais do Heavy Metal, aparece frágil ao mesmo tempo que exala a fragrância da vida.
Assim como Ozzy, eu também "estou a bordo" desse trem maluco chamado vida e depois de ouvir todas as músicas do tributo feito para ele, me senti saindo das catacumbas da ansiedade, recomeçando a minha semana no final da noite de segunda. Sempre é tempo de recomeçar e nada melhor do que ouvindo Crazy Train.
Antes de encerrar aqui com vocês essa breve newsletter, preciso prestar minha homenagem a Antônio Cícero, poeta e letrista morto nesta semana. Foi através de sua irmã, Marina Lima, que o conheci, se tornando um dos meus compositores preferidos. Tenho muitas músicas preferidas, centenas de milhares, mas quatro delas batem mais forte e todas são composições dele: Fullgás, Virgem, Pra Começar e Acontecimentos, em parceria com Marina.
Sempre fui mais da música do que dos poemas, apesar de saber que ambos se misturam na composição. No entanto, essa minha falha de caráter cultural me faz uma profunda ignorante desta arte, me tornando uma alien no planeta dos importantes nomes da poesia, como é o caso de Antônio Cícero, poeta imortal da Academia Brasileira de Letras desde 2017, além de um excelente ensaísta de filosofia.
Para tentar me redimir um pouco dessa grande falha com a poesia brasileira, em especial com ele, gostaria de encerrar essa humilde newsletter com uma singela homenagem a este poeta que optou pelo suicídio assistido (eutanásia), na última quarta-feira, na Suíça, onde morava. Na sua carta de despedida que você pode ler aqui, ele explica o porquê desta escolha. Mas agora, eu quero me despedir com um dos seus maiores poemas, um dos mais celebrados da poesia contemporânea brasileira: Guardar.
Obrigada por tanto!