Para ouvir lendo: Boys Don’t Cry, da Anitta e do The Cure.
Anitta lança clipe do single “Boys Don’t Cry”, e quem chora são “as viúvas” de Robert Smith reclamando que só pode existir uma música com esse título. Quanta pataquada por causa de uma música e vídeo super bem produzidos que trazem à tona referências da cultura pop/rock que andam meio esquecidas por aí.
Eu sou da seguinte ideia: fale mal, mas fale de mim. E no caso de Anitta e seu clipe, ela não falou mal em nada, pelo contrário, fez um excelente resgate com o single assinado pelo produtor de Britney Spears e Backstreet Boys, o hitmaker Max Martin.
Aqui mesmo eu já escrevi sobre artistas do rock que vivem só do passado porque não produzem mais nada novo há anos. Um grande exemplo é o Guns n’ Roses, que saiu em turnê em 2016 com Axl Rose, Slash e Duff, e só no ano passado surgiu uma faixa que parece fazer parte do prometido novo álbum que assim como a banda já está virando uma lenda. Então, porque esculhambar alguém que está homenageando essa galera e relembrando a adolescência com esses “easter eggs” , sendo a maior parte das referências de filmes dos anos 80/90.
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Diga-se de passagem que ficou linda a caminhada de Anitta até o altar de uma igreja que remete a mesma igreja usada no clipe November Rain, do Guns. Havendo mais tarde, a noiva fugindo, uma direta menção aos filmes “Noiva em Fuga” e Beetjuice (Anitta usa um figurino que lembra o da personagem de Winona Rider). Por que não posso elogiar isso? Por que os fãs do The Cure precisam criar essa presepada?
Fora as lembranças dos filmes trashes dos anos 80, como Elvira - a Rainha das Trevas, cuja a personagem principal tem sua maquiagem icônica refeita no rosto de Anitta.
Preconceito, simples e direto!!!
Assim como Anitta, outras artistas pop também foram criticadas por gravarem ou estabelecerem alguma relação com o rock. Recentemente, Miley Cyrus - convidada do palco mundo do Rock in Rio 22 - gravou vários hits do rock clássico, como We will rock you (Queen). Só pedrada nas redes. E como não lembrar da fusão Lady Gaga e Metallica no Grammy Awards, quando a diva se apresentou ao lado dos metaleiros cantando More into the Flame.
Será que as pessoas acham mesmo que Anitta não pode conhecer e ter sido influenciada pelas referências que ela usa em Boys don’t Cry? Ouvi até dizere,m que ela estava se apropriando culturalmente? Gente, por favor!!!!
A carioca já foi preparando seus fãs e haters para o lançamento do single afirmando que ela beberia de fontes que fizeram parte da sua adolescência e não negou que a sonoridade foi influenciada pela banda de pop rock Panic! at the Disco.
Vamos celebrar o sucesso dessa mulher que está levando para o mundo o nome do Brasil de forma positiva. Você pode até não gostar do que ela canta, mas é preciso respeitar o trabalho que ela realiza. Hoje para mim, Anitta é o maior nome da música pop brasileira e tem tudo para logo se tornar uma marca internacional.
Esses dias mesmo ela estava sendo entrevista no programa The Tonight Show, de Jimmy Fallon. Não lembro de ver outra cantora brasileira nesse mesmo espaço, conversando em inglês e cantando ao vivo o single “Boys Don’t Cry”.
Claro, gata!!! Você pode cantar rock!!!!
Vocês, roqueiros como eu, curtam, celebrem que uma artista jovem está homenageando um gênero que anda meio esquecido no mainstream internacional. Qual banda de rock hoje está entre os primeiros lugares da Billboard. Não vale Marron Five nem Coldplay porque eles são mais pop do que outra coisa.
Trabalhos como Boys Don’t Cry oxigenam o rock e se tornam possíveis catalisadores para novos fãs. Nada impede que alguém desça até o chão e depois curta um solo do Van Halen. Já vivemos em um mundo tão preconceituoso, para que trazer mais preconceitos para a música.
O clipe Boys Don’t Cry está muito legal!!! Deu um orgulho danado saber que ele foi realizado por uma artista brasileira. Fora que Anitta tem se posicionado como cidadã de uma forma muito importante, sem ficar em cima do muro.